Ao ligar o carro naquela manhã fria de Fevereiro, Mário hesitava, a franja de um tom acastanhado caia-lhe suavemente sobre a testa, os olhos verdes levemente salpicados de castanho, piscavam aos primeiros raios de luz.
Com os olhos fixos no banco do lado, olhou pensativamente para o êcharpe bordeaux de seda. Pegou-lhe e sentiu o seu perfume, um leve aroma a maçãs verdes. Por baixo do êcharpe um guardanapo com o nome Martine e um nr. de telefone.
"Martine" esse nome que sem resultado tentou afastar do pensamento. Puxou de um cigarro e ao abrir a pequena carteira de fósforos vermelha, olhou para o logotipo "Bar Montenegro". Fora ali que a conhecera.
Acendeu o cigarro, gastando um dos dois últimos fósforos e arrancou.
Enquanto conduzia em direcção ao porto, recordou a cara angélica de Martine que ficara docemente dormindo na cama. Deixara-lhe uma carta, a única que alguma vez escrevera a uma mulher.
Aproximava-se agora do seu destino, a farda militar que ostentava anunciava o inevitável, o ínicio da guerra.
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