sexta-feira, 25 de maio de 2012

Queria saber o que são palavras, para poder usá-las na perfeição da exatidão gráfica de quem descreve o que há de mais abstrato: os sentimentos. Vou fazer o possível.


Ainda agora acabamos e já sinto saudades vossas. Já sentia saudades mesmo antes de terminar e as palavras que vos disse no nosso derradeiro jantar, foram palavras de sinceridade, de alguém que vos adora. Vocês foram, verdadeiramente, a minha casa.

Amo-vos de coração cheio, de mãos abertas e sem reservas, pois não há outra forma de o fazer. Quem me conhece sabe que não sou uma pessoa fácil, tenho sempre a desconfiança no olhar e um pé atrás, a vida ensinou-me a ser assim. Com vocês, a partir de certa altura, tal postura tornou-se desnecessária, passaram a ocupar um espaço muito significativo na minha vida. Foi aí que o meu olhar deixou cair a desconfiança para dar lugar ao fascínio. Mandei adormecer as cautelas e as reservas para poder desfrutar convosco alguns dos melhores momentos que vivi nos últimos 4 anos. Passaram a fazer parte da minha família.

Nem sempre fui simpática nem amável, terei dito coisas desagradáveis... tudo verdade. Mas por vezes acordamos para o lado errado, ou a vida não nos sorri como desejamos, ou o cansaço suplantava a boa disposição. Pelo que possa ter feito que vos tenha magoado, peço desculpa.

Todos os fins-de-semana ansiava para que semanas chegassem e nós nos pudéssemos juntar. Estar com vocês fazia-me querer ser uma pessoa melhor. Não vou esquecer o quanto fui feliz ao vosso lado, especialmente nestes dois últimos anos, que para mim foram particularmente difíceis, talvez porque já acusasse o cansaço acumulado. Temo nunca mais encontrar pessoas da vossa qualidade com quem possa partilhar momentos de pura comunhão, felicidade e até diversão. Vocês são os melhores e nunca deixem que alguém vos diga o contrário.

Obrigado a todos pelos momentos que vivemos, nas aulas, nos exames, e nas festarolas. Obrigado por me aturarem nas minhas loucuras e por se rirem desta cota meio marada. Perdoem-me os demais por fazer um agradecimento singular aqueles que me foram mais próximos e com quem tive a sorte de partilhar alegrias e tristezas ao longo destes anos (Ana Lourenço, Sandra, Ana Catarina, Alex e a minha pequena fadista Inês). Obrigado a todos que fizeram com que esta experiência fosse muito menos stressante e tão compensadora. Há muito tempo que não sentia que alguém se importava comigo desta forma tão genuína.

A vida vai tratar de nos separar. Espero que nos voltemos a encontrar, mas se tal não acontecer só vos peço uma coisa: não se esqueçam de mim, pois podem ter a certeza de que não mais me vou esquecer de vocês. Vou carregar-vos na minha memória, cada um por uma razão especial. Obrigado por gostarem de mim (como eu acho que gostam) mesmo com todos os meus defeitos e singularidades.

Tanto ficou por dizer mas não me ocorre mais de momento. Os meus mais sinceros agradecimentos a todos vós,

Meus colegas, meus amigos, minha casa...

Margarida Correia

terça-feira, 22 de maio de 2012

História dos Sentimentos




Os Sentimentos Humanos certo dia reuniram-se para brincar.
Depois de o Tédio ter bocejado três vezes porque a Indecisão não chegava a conclusão nenhuma e a Desconfiança estava a tomar conta, a Loucura propôs que brincassem às escondidas. A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a Intriga começou a cochichar com os outros que certamente alguém ali iria fazer batota.

O Entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a Dúvida e a Apatia, ainda sentadas a um canto, a entrarem no jogo. A Verdade achou que isso de se esconder não tinha graça nenhuma, a Arrogância fez cara de desdém pois a ideia não tinha sido dela, e o Medo preferiu não se arriscar: «Ah, vamos deixar tudo como está», e como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.

A primeira a esconder-se foi a Preguiça, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava. O Optimismo escondeu-se no arco-íris, e a Inveja ocultou-se juntamente com a Hipocrisia, que, sorrindo fingidamente atrás de uma árvore, estava a abominar tudo aquilo.

A Generosidade quase não se conseguia esconder porque era grande e ainda queria abrigar meio mundo, a Culpa ficou paralisada, pois já estava mais do que escondida em si mesma, a Sensualidade estendeu-se ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem parva nem fingida; o Egoísmo achou um lugar perfeito onde não cabia mais ninguém.

A Mentira disse à Inocência que se ia esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada, a Paixão meteu-se na cratera de um vulcão activo, e o Esquecimento já nem sabia o que estavam a fazer ali.

Depois de contar até 99 a Loucura começou a procurar. Achou um, achou outro, mas ao remexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era o Amor, com os olhos perfurados pelos espinhos.

A Loucura tomou-o pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo. Desde então o Amor é cego e a Loucura acompanha-o.

Juntos fazem a vida valer a pena - mas isso não é coisa para os medrosos nem para os apáticos, que perdem a felicidade no matagal dos preconceitos, onde rosnam os deuses melancólicos da acomodação.

Meus queridos sigam o exemplo do Amor e da Loucura e como dizia um conhecido nosso (Raul Solnado) FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES!



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Conquistador (Finalistas)

Foi um mundo novo
Um sonho de poetas
Ir até ao fim
Cantar novas vitórias
E erguermo-nos orgulhosos em festas
Vivemos aventuras guerreiras
Foram mil epopeias
Vidas tão cheias
Foram oceanos de amor
Estudamos Alemão
Sistemas de Informação
Técnicas de Arquivo e Documentação
Ai, e até Gestão
Foi uma grande dor

Fomos como um povo
Guiado pelos céus
Espalhemo-nos  pelo mundo
Seguindo os nossos heróis
E levaremos a luz da cultura
Semearemos laços de ternura
Foram mil epopeias
Vidas tão cheias
Foram oceanos de amor
Estudamos Práticas Textuais
Elementos de Finanças Empresariais
Contabilidade, Secretariado
Ai, até Relações Económicas Internacionais
Foi uma grande dor

Informática
Inglês, Espanhol
Estatística Descritiva
Economia
Ai, que grande agonia
Fomos conquistadores
Foram dias e dias
E meses e anos em harmonia
Percorrendo uma estrada de estrelas
E conquistamos o sonho sem surpresas

Direito
Marketing
Organização de Eventos
Psicologia do Trabalho
Relações Públicas
Ai, até fizemos casting

Mesmos com algumas bebedeiras
Fomos estudantes aplicados
Estudamos muitas cadeiras
No fim somos vencedores desejados

Ai, fomos um pouco absentistas
Mas conseguimos
Somos finalistas
Somos finalistas
Somos FINALISTAS!




sábado, 21 de janeiro de 2012

Resumo da história de amor de Zeca Perpétuo.

Serei um louco?
Um louco por navegar neste mar de amor?
Este mar de marés infindáveis que me leva à deriva sem rumo certo.
Sim sou eu, um barco sem leme perdido num mar bravio.
Navego de peito aberto, sem medo de naufragar, com esperança de poder um dia em teu peito atracar e o teu amor ganhar.

Sou um pescador, mas minha linha, meu anzol não caça peixe, minha linha, meu anzol espera pacientemente por pescar teu meu coração.
Nasci neste mar, cresci órfão, minha mãe foi meu pai, meu lar meu mar, aprendi linguagem e escrita na escola, mas não me ensinaram a simplicidade da vida. Dizem que a vida é tão simples que ninguém a entende, pois eu digo, quem não ama profundamente não vive, passa pelo mundo como uma gaivota que roça suas asas pela espuma do mar, sem nele nunca mergulhar.

Na língua dos pretos, não existe palavra para definir futuro, diga-me minha dona deste meu mar, como poderá haver futuro em qualquer língua, se você não existir em esse meu destino? Pensar trás muita pedra e pouco caminho, vivo e sobrevivo pensando em si, quanto mais pedras meu caminho tiver maior será o castelo que com elas construirei, maior será a casa do nosso mar. Minha existência é no presente, onde te tento caçar um descuido na existência, um sorriso, um abraço, uma dança. Quem canta seus males espanta, quem dança suas tristezas afasta, vem dançar comigo, vem balançar neste mar me quer. Sua mulher razinza, suas curvas e sua pele me enfeitiçaram, me deixe entrar em sua gordura, me liberte desta prisão, quando não está nas vistas está-me nos sonhos, e logo eu que preciso tanto de sonhar.

Me diz que é tarde, que o nosso tempo passou, estamos ambos velhos, este mar não escolhe idade, neste balanço não há tempo para entrar muito menos para sair. Meu pai perdeu seus olhos ao mergulhar nas águas do oceano para salvar sua amada, eu mergulho nesta sua ausência, que me cega o coração. Dona porque teima em mergulhar nessa solidão, me dê sua mão, venha dance comigo, liberte seu coração…

As gaivotas sublimes e incisivas, voam delicadamente roçando suas asas na espuma das ondas, ondas que num balançar vão e vem, assim como as lembranças. Essas gaivotas são minhas memórias. Quero, tenho que os matar, esses malditos pássaros que sem serem convidados entram porta dentro sem bater, sem pedir para entrar, aninhando-se no meu lar, apenas com presságio de chegada mas sem partida anunciada.
Esses pássaros malditos que me tiram o sono, me tiram as forças e me matem enjaulado neste momento efémero que faz a ligação entre um passado e um futuro inexistente. Meu avô sempre me disse, meu filho esses pássaros são uma gaiola construída por nós, na qual entramos, trancamos a porta e perdemos a chave. Nunca conseguirás mata-las a todas, elas são como são como as gotas da chuva num dia de dilúvio, onde as tuas lágrimas saem de todos os poros da tua pele e se confundem com as gotas. Não meu avô, ou as matos todas, ou encontro a chave para me libertar desta gaiola. Tenho de as matar, todas. Tenho de as matar todas.
Meu velho previu minha morte, hei-de morrer afogado em lençol faz de conta os panos virassem ondas de água, hoje eu sei que esses panos são meu amor por ti, essa água é a sua indiferença para comigo.

Esta nossa viagem neste nosso mar é intemporal, não existe hora de partida nem hora de chegada, seremos eternos viajantes numa história sem registo, perdida entre as encruzilhadas do tempo. O mar nunca secará, assim como o meu amor por ti.

Zeca Perpétuo.

Esta é dedicada à menina do sumol.

O ditado do dia


Deveras a cada dia que passa, me soa cada vez melhor os ditados, ou provérbios, como quiserem, que cruamente acabem por vingar e comprovar uma realidade e sabedoria popular que tendemos a ignorar, ou não. Não tendo eu qualquer legitimidade para sequer tecer os mais modestos comentários sobre este assunto de sabedoria popular, arriscando-me mesmo a levar uma valente reprimenda, por opinar sem ser convidado, mas tendo em conta as minhas habilitações literárias, doutorado em escárnio e mal dizer, e sendo detentor de uma brilhante quarta classe ainda que do tempo desse tal dito ditador papão, lancei-me numa pesquisa quase profunda na tentativa de encontrar factos da vida real que possam ser comprovados partindo de ditados.
Devo no entanto avisar que esta minha dissertação, como qualquer discurso político, ou vindo de algum mestre doutorado, não terá qualquer finalidade lógica, ou de modo algum servirá para esclarecer o leitor, funcionará sim, como uma tentativa de confundir ainda mais, as nossas já muito confusas mentes.
Não estou deveras confiante ao falar sobre sabedoria popular pois corro o risco de me meter em trabalhos, e como “quem semeia ventos, colhe tempestades”, deveria levar este ditado em conta e ficar caladinho. Esta mania de nos colocarmos em bicos de pés, das duas umas, ou levamos uma valente descompostura ou somos aplaudidos, mas como o outro costuma dizer “ que cada um sabe de si e Deus sabe de todos”, ora sabendo eu de mim e reforçado com o a ideia que deus ao saber de todos não se esquecerá certamente da minha pessoa, arrisco-me a falar de mais uns quantos ditados populares e tal como dizia o outro “quem não arrisca, não petisca”, assim sendo, eu a Risco.
Quer se acredite ou não sempre houve imagens estereotipadas na nossa sociedade, a que todos associamos a inteligência, sabedoria, conhecimento ou experiencia. Quem tal como eu não se recorda de levar umas fortes tareias, por interromper a conversa ou atrever-se simplesmente a questionar a ideia de algum senhor doutor? Certamente se recordam da nossas mães a mandar-nos calar, para que ouvíssemos as palavras sábias do senhor doutor, ao mesmo tempo que nos repetiam o ditado, “quando um burro fala o outro baixa as orelhas”.
Sempre me perguntei o porquê deste ditado, então se somos todos burros porque tem uns de baixar as orelhas enquanto outros ficam com elas bem arrebitadas, descriminação quadrúpede?
Às vezes acontecem coisas na vida de um homem que contado ninguém acredita”, nada mais errado, a questão da mentira. Se contares uma mentira a um primeiro indivíduo, este logicamente tende a não acreditar, ou melhor, sabe que é perfeitamente mentira, mas quando este primeiro indivíduo passa a mentira a um segundo, o segundo a um terceiro e assim sucessivamente, ao contrário do que possamos pensar a mentira não expande a sua dimensão ou aumenta avultadamente. Explicando, a partir do terceiro indivíduo, a mentira passou a ser verdade, aumentando a veracidade a cada nova particularidade que cada um acrescenta, e desde o momento que alguém afirme que “ vi com estes olhos que a terra há-de comer”, então ai o facto está consumado. É precisamente disto que eu tenho medo, mas como “o medo não é bom conselheiro”, mesmo que um gajo tenha medo, diz sempre que não tem, mas aí lá está, está a mentir.